Perdida e sem Wi-Fi – os perrengues que me fizeram mais forte

Sabe aquele momento em que você se vê no meio de uma cidade desconhecida, sem sinal de Wi-Fi, o mapa offline decide não colaborar e, para completar, seu estômago começa a roncar como se estivesse em um concerto solo? Pois é, já estive lá. E não apenas perdida geograficamente, mas também emocionalmente, questionando minhas escolhas e me perguntando: “O que estou fazendo aqui sozinha?”​

Viajar sozinha é uma experiência enriquecedora, mas nem sempre é repleta de momentos dignos de filmes. Às vezes, é mais sobre tentar decifrar placas em idiomas desconhecidos, lidar com imprevistos e, claro, sobreviver sem Wi-Fi.​

Mas calma, não estou aqui para desanimar. Pelo contrário, quero compartilhar essas experiências para mostrar que, mesmo nos momentos mais desafiadores, há aprendizado, crescimento e, quem diria, boas risadas depois.​

Acha que já passou por perrengues? Espera só pra ver…

O primeiro perrengue: quando o GPS te abandona

Imagine-se em uma cidade desconhecida, confiando plenamente no seu GPS para guiá-la até o próximo destino. De repente, o sinal desaparece. Você está sem mapa, sem sinal e, aparentemente, sem direção.​

Foi exatamente assim que me senti ao explorar uma trilha menos conhecida. O caminho, inicialmente bem sinalizado, começou a se tornar confuso. A vegetação densa e a ausência de placas tornaram a navegação desafiadora. Sem o GPS funcionando, percebi que estava perdida.​

O medo e a frustração tomaram conta. Cada passo parecia me afastar ainda mais do caminho certo. Mas, em meio ao desespero, lembrei-me de uma dica valiosa: confiar no instinto e observar o ambiente ao redor. Notei marcas sutis nas árvores e trilhas levemente pisadas que indicavam a direção correta. Além disso, não hesitei em pedir ajuda a outros trilheiros que encontrei pelo caminho.​

Essa experiência me ensinou a importância de estar preparada para imprevistos. Confiar no instinto, observar atentamente o ambiente e não hesitar em buscar ajuda são habilidades essenciais para qualquer viajante solo. Afinal, perrengues fazem parte da jornada, e cada desafio superado fortalece nossa confiança e resiliência.​

O Wi-Fi acabou, mas o mundo real começou

Lembro-me de uma noite em um hostel charmoso, porém sem sinal de Wi-Fi. Inicialmente, o desespero bateu: como compartilhar as fotos do dia, responder mensagens ou planejar o roteiro do dia seguinte? Mas, à medida que o tempo passava, percebi que essa desconexão forçada me proporcionou algo inesperado.​

Sem a distração do celular, comecei a observar mais ao meu redor. Notei detalhes na decoração do hostel, ouvi histórias de outros viajantes e, principalmente, me permiti estar presente no momento. Conversei com pessoas que, talvez, teria ignorado se estivesse imersa na tela do celular.​

Essa experiência me fez refletir sobre como estamos constantemente conectados digitalmente, mas, muitas vezes, desconectados do mundo real. Estudos indicam que a presença constante de dispositivos digitais pode interferir na qualidade das interações sociais, levando a relações mais superficiais e menos significativas 

A falta de internet naquela noite me ensinou a valorizar as conexões humanas e a importância de, às vezes, simplesmente estar presente. Desconectar-se do mundo digital pode ser desafiador, mas também pode abrir portas para experiências mais ricas e significativas.

Perrengue raiz: língua estranha, comida estranha e… banheiro estranho

Viajar sozinho é um exercício de autoconhecimento, mas também de resistência e paciência. Eu vivi um episódio de “perrengue raiz” que vai ficar na memória como uma das situações mais desconfortáveis, mas também uma das mais enriquecedoras da minha jornada.

Eu estava em um país com uma língua completamente diferente da minha, e a barreira linguística logo me colocou em uma posição desconfortável. Eu tentei me comunicar com gestos, olhares e, claro, tentando aprender algumas palavras-chave, mas a verdade é que, em algumas situações, eu só estava completamente perdida. E claro, isso afetou desde a simples compra de um lanche até a tentativa de pedir informações sobre o transporte local. Imagine a frustração de tentar explicar algo simples e perceber que o outro não fazia ideia do que eu estava dizendo. Foi uma experiência que testou minha paciência.

E se a língua era difícil, a comida foi outro desafio. Eu tinha me aventurado na gastronomia local sem muita pesquisa (o que já foi um erro), achando que estava preparada para saborear tudo o que a cultura tinha a oferecer. Mas, uma das refeições me pegou de surpresa: algo picante, algo amargo, e algo completamente diferente do que eu esperava. Depois de um dia inteiro de adaptação ao sabor estranho e ao peso no estômago, eu percebi que havia sido otimista demais em relação à minha capacidade digestiva.

Mas o pior de tudo, e o que me fez reconsiderar várias escolhas de viagem, foi o banheiro. O conceito de banheiro “normal” que eu tinha até aquele momento foi completamente desafiado. Não, não era um banheiro sujo, mas um banheiro sem papel higiênico, sem bidê, e com um sistema de encanamento totalmente diferente. A primeira vez que entrei em um desses, pensei que estava num episódio de uma série de sobrevivência. Tive que me virar, usar alternativas criativas e até pedir ajuda a locais, o que, claro, envolvia mais gestos, mais olhares perplexos e muitas risadas constrangedoras.

Como lidei com tudo isso? Com muito humor e paciência. Eu me vi forçada a aceitar a realidade e adaptar meu comportamento. A língua estranha me forçou a desenvolver uma comunicação mais empática e criativa. A comida me ensinou a não ter expectativas e a abrir a mente para novas experiências (mesmo que meu estômago tenha discordado). E o banheiro… Bem, o banheiro me mostrou que nunca se deve subestimar a importância de aprender sobre os costumes locais antes de viajar.

O que faria diferente? Talvez tivesse pesquisado mais sobre a cultura e as práticas locais antes de me aventurar. Eu teria me preparado para as diferenças e teria sido mais cuidadosa ao escolher a comida local. Mas a verdade é que, apesar de todos esses “perrengues”, eu não trocaria a experiência por nada. Porque é isso que torna a viagem solo única: os desafios, os imprevistos, as situações difíceis. Elas são a matéria-prima das memórias que você leva consigo e que fazem cada dificuldade valer a pena. Aprendi muito sobre mim mesma e sobre o mundo ao meu redor, e, no final, isso é o que realmente importa.

O ponto de virada: quando o perrengue ensina

Durante minhas viagens solo, o que sempre me surpreendeu não foram apenas os momentos mágicos, mas os perrengues – aqueles imprevistos que, à primeira vista, parecem um teste cruel da paciência e resistência. Mas, no fim, percebi que esses perrengues são na verdade os momentos mais transformadores de toda a jornada.

O ponto de virada para mim aconteceu em um dia particularmente difícil. Eu estava em uma cidade pequena, isolada, onde a comunicação era quase impossível devido à barreira linguística. Depois de um longo dia de tentativas frustradas de encontrar o meu hotel, um erro de direção me fez andar ainda mais, sob um calor insuportável e com os pés doloridos. A gota d’água foi quando eu percebi que minha bateria do celular estava quase acabando e o único mapa que eu tinha, com direções mal traduzidas, estava inútil. Naquele momento, senti um nó no estômago e uma frustração profunda. Mas foi ali, naquele momento de desespero e exaustão, que algo dentro de mim mudou.

Eu me sentei em um banco, olhei ao redor e respirei fundo. Ao invés de continuar me desesperando, decidi apenas observar. Olhei as pessoas, os sons, as cores, e percebi como minha atitude estava sendo tão reativa e negativa. Eu estava tão focada em “resolver” tudo de uma forma rígida, sem dar espaço para a flexibilidade, para aceitar as coisas como elas eram naquele momento.

Foi ali que a chave virou. Eu percebi que o verdadeiro “perrengue” não estava na situação em si, mas na maneira como eu estava lidando com ela. Eu estava colocando uma enorme pressão sobre mim mesma para controlar cada detalhe da viagem e, ao fazer isso, estava perdendo a capacidade de simplesmente viver a experiência.

A virada de chave foi entender que, além dos perrengues, esses momentos eram a verdadeira escola da viagem solo. Eles não eram obstáculos, mas lições disfarçadas. O perrengue me ensinou paciência, a capacidade de esperar e confiar que, eventualmente, tudo se encaixaria. Me ensinou flexibilidade, a arte de me adaptar às situações inesperadas. E, talvez o mais importante, me ensinou a importância do senso de humor…porque, no fim, rir de mim mesma e das situações absurdas era a única maneira de seguir em frente sem carregar o peso da frustração.

Esse momento de reflexão me trouxe uma grande mudança interna. Quando o perrengue apareceu, ao invés de ver um problema, comecei a enxergá-lo como uma oportunidade de crescimento. Foi quando percebi que cada imprevisto tem algo a ensinar, mais importante ainda, que os momentos de desconforto são, muitas vezes, as pedras fundamentais do meu crescimento pessoal.

Hoje, eu vejo cada “perrengue” como um processo de formação. Não são apenas desafios a serem superados, mas momentos essenciais que me moldam, me ensinam a ser mais resiliente e, principalmente, a ser mais leve diante das dificuldades. Se há algo que aprendi durante essas viagens solo, é que o maior presente que podemos dar a nós mesmos é a capacidade de aprender com os imprevistos e usar esses momentos como combustível para nosso crescimento pessoal.

Conclusão: o valor escondido no perrengue

Viajar sozinha me ensinou muitas coisas, mas nenhuma tão valiosa quanto a lição que mora nos perrengues. Eles não são apenas histórias engraçadas para contar depois – são momentos que nos desafiam, que nos tiram da zona de conforto e nos colocam frente a frente com nós mesmos. Aprendi a rir dos imprevistos, a respirar fundo quando tudo sai do controle, e a aceitar que nem tudo precisa estar perfeito para ser incrível.

No fim das contas, os perrengues me ensinaram paciência quando tudo parecia lento demais, flexibilidade quando os planos desmoronarem, e um bom senso de humor quando só restava rir para não chorar. Cada situação difícil foi, na verdade, uma oportunidade de crescimento disfarçada de caos.

“Nem todo caminho é fácil, mas todo perrengue esconde uma lição que a gente só entende depois de passar por ele. “E você?
Qual foi o seu maior perrengue que te fez mais forte?
Compartilha comigo nos comentários, quero saber qual foi a sua virada de chave!